A CNT
(Confederação Nacional do Transporte) realiza desde 1995 um levantamento das
reais condições das rodovias brasileiras. São compilações de dados apresentados
de forma muito simples e clara, mas sem perder a relevância. Através da página
da entidade (http://cnt.org.br/Paginas/Pesquisas_Detalhes.aspx?p=3)
qualquer pessoa pode ter acesso aos documentos, fotos e boletins de forma
gratuita.
Então chegamos
à questão central desta postagem: qual a atual situação das rodovias mineiras?
E qual a correlação entre esta situação e o número de atropelamentos de animais
nas estradas? Apresentaremos aqui alguns dados (de forma objetiva) que poderão
esclarecer um pouco mais estas questões:
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1- Situação geral das rodovias:
Quando analisamos
o estado geral das rodovias, as rodovias mineiras se comparam com aquelas da
região Norte e Nordeste, pois são em sua maioria classificadas como ‘regular’ e
‘ruim’. A porcentagem classificada como ‘bom’ ou ‘ótimo’ não passa dos 34% do
total de suas rodovias. Se levássemos em conta apenas a porcentagem de rodovias
classificadas como ‘ótimo’ ou ‘bom’, Minas Gerais ocuparia a vergonhosa 15ª
posição no ranking nacional.
2- Características das rodovias:
Aqui verificamos
que as rodovias mineiras são em quase sua totalidade do tipo ‘pista simples de
mão dupla’, fator que pode ser associado aos altos números de atropelamentos,
por serem relativamente menos seguras, principalmente quando associamos ao fato
de que quase 80% das rodovias estudadas apresentam algum tipo de desgaste ou
problema em seu pavimento.
Já as barreiras centrais funcionam como barreiras
físicas para os animais, o que pode funcionar como uma ‘faca de dois gumes’. Se
por um lado elas podem auxiliar para diminuição dos atropelamentos, evitando
que os animais atravessem as rodovias; também podem, por outro lado, se não associadas
à zoopassagens, provocar perda genética entre diferentes populações de uma
mesma espécie (ex: um grupo de lobos-guará que não pode atravessar a rodovia
fica impedido de trocar material genético com outros grupos da mesma espécie
que vivem do outro lado da mesma área).
Apesar das placas apresentarem aparentemente visíveis
e legíveis, uma constante não foi avaliada: será que as placas estão inseridas
nos locais necessários? Na própria experiência do ‘Projeto Atropelados’,
algumas placas A-36 ‘Animais selvagens’ (aquela mesma que sofre sério
preconceito por parte da população...) estão em trechos com nenhum relato de
animal atropelado.
3- Gestão publica x federal x concessionárias
Aqui os dados são
quase autoexplicativos. Fica evidente que os trechos administrados por
concessionárias são de qualidade muito (muito!) superior que aqueles regidos
pelos órgãos públicos e federais. É um dado que leva a outro nível de discussão,
que pretendemos trabalhar nos posts seguintes!
Para
finalizar, deixamos a classificação das rodovias monitoradas pelo ‘Projeto
Atropelados’. O projeto parte com a ideia de apresentar ao DNIT dados que
possam auxiliar na resolução de alguns destes problemas, como a sinalização.
Porém, isso não é suficiente, pois é necessário que toda a sociedade fique ‘de
olho’ para que nossos governantes utilizem as verbas destinadas para melhoria
das nossas rodovias com bom senso, optando por empresas que usem os estudos ambientais
como realmente merecem, e não os tratem como um monte de papelada que é arquivada
e esquecida!
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